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Nestes cortes de celoidina corados para mielina (ver nota metodológica no fim da página) as lesões da esclerose múltipla destacam-se como áreas não coradas, contra o azul da substância branca normal. É possível ver a multiplicidade das lesões, sua variação de tamalho, forma, e seus contornos nítidos ou borrados. Embora as lesões se concentrem na substância branca, podem afetar também a substância cinzenta, ou atravessar os limites entre elas. |
Lesões na substância branca do lobo frontal. À E, método de Loyez, à D, LFB-Nissl. Mielina em azul, córtex e lesões em pálido. Para procedimento técnico do LFB - Nissl, clique. | |
Montagem de cortes da mesma área corados por duas técnicas. | |
À E, LFB-Nissl, para mielina, e à D, método de Holzer para fibras gliais. As áreas pálidas no centro da substância branca à E correspondem a zonas de desmielinização que sofreram gliose (reação cicatricial). Os astrócitos fibrilares responsáveis pela gliose coram-se em azul pelo método de Holzer (à D), ficando o tecido normal sem corar. |
Corte coronal, com várias lesões no diencéfalo. Uma delas afeta toda a parede do IIIº ventrículo, dos dois lados. Há uma grande lesão de contorno irregular no limite entre mesencéfalo e diencéfalo, à D do observador, e outras menores em vários locais. |
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Cortes de tronco cerebral de diferentes pacientes demonstram a natureza múltipla e localização casual e imprevisível das lesões, abarcando substância branca e cinzenta. A substância cinzenta tem também, quase sempre, axônios mielínicos, embora predominem os corpos celulares de neurônios. Tanto os axônios mielínicos da substância branca como os da cinzenta são igualmente afetados. | |
Ponte, nível superior, LFB-Nissl. | Ponte, nível médio, Loyez. |
Ponte, nível médio, HE | Ponte, nível médio, Loyez |
Ponte, nível inferior, cortes de HE (à E) e Holmes-Nissl (à D). A técnica de Holmes é uma impregnação pela prata para axônios em celoidina. Mostra que, nas lesões, os axônios são também afetados. As áreas normais, ricas em axônios, aparecem em cinza escuro, as lesadas em pálido. A contracoloração por tionina dá o fundo azul (= método de Nissl para neurônios). | |
Ponte, nível médio, Loyez + vermelho neutro. A foto à D, em aumento médio, mostra a borda de uma lesão nos núcleos da base da ponte. Os axônios mielínicos, corados em azul escuro, desaparecem abruptamente na margem da lesão. Os neurônios, corados em vermelho, existem igualmente na área lesada e na normal, e não são afetados pelo processo desmielinizante. |
Bulbo, nível médio, HE. Áreas desmielinizadas mais pálidas. | Idem, hematoxilina fosfotúngstica de Mallory. Áreas desmielinizadas mais pálidas. |
Idem, método de Loyez para mielina. Notar aspecto bem delimitado das lesões e ausência praticamente absoluta da mielina nas áreas afetadas. Chama também a atenção o caráter irregular e aleatório das lesões, que acometem áreas ao acaso, sem preferência ou respeito por vias ou sistemas. |
Medula lombar, método
de Loyez para mielina.
Grande lesão envolvendo centralmente a medula, inclusive a substância cinzenta e funículos anteriores. Há preservação apenas de orla de mielina na periferia dos funículos laterais e posteriores. |
Cerebelo, mostrando lesão no centro branco medular que afeta também o núcleo denteado. Este núcleo, que parece uma fita sinuosa de neurônios, está parte dentro, parte fora da área desmielinizada. |
Nervos e quiasma ópticos com áreas irregulares de desmielinização. LFB-Nissl. |
Nervos e quiasma ópticos com áreas irregulares de desmielinização, que aparecem em claro no corte à E, corado por LFB para mielina. No corte à D, pelo método de Holzer para fibras gliais, as áreas desmielinizadas aparecem em violeta escuro devido à gliose (reação cicatricial à desmielinização). |
Nervos e quiasma ópticos
com
áreas irregulares de desmielinização.
Método de Weigert-Pal. |
Nervo óptico.
Em negro, mielina preservada, em amarelo, áreas sem mielina. Extremidade anterior (globo ocular) à E. Método de Weigert-Pal. |
Esclerose múltipla, forma concêntrica de Balò. Os casos acima correspondem à forma clássica da esclerose múltipla ou de Charcot. Em casos raros, as lesões mostram alternância entre áreas mielinizadas e desmielinizadas, ou melhor, preservação de faixas de substância branca mielinizada em meio às áreas desmielinizadas. Por vezes, essas lesões apresentam aspecto concêntrico ou em alvo. Esta forma de esclerose múltipla foi descrita por Balò (1928) como encephalitis periaxialis concentrica ou esclerose concêntrica. | |
Lesões em ponte, atingindo pedúnculo cerebelar médio. Método de Loyez para mielina. |
Lesões concêntricas em substância branca de hemisfério cerebral, comparando as técnicas de Loyez para mielina à E, e a de Holmes para axônios à D. Nota-se que, onde há desaparecimento da mielina, há perda secundária dos axônios. Há superposição praticamente exata das alterações com os dois métodos. |
Nota
metodológica.
Cortes de celoidina corados para mielina. Talvez a melhor forma de visualizar as caprichosas lesões da esclerose múltipla seja em cortes de grandes blocos de encéfalo corados para mielina, com ou sem contracoloração para neurônios. Para isto é necessária a inclusão em celoidina em vez de parafina. Inclusão em celoidina. A celoidina é uma solução concentrada de piroxilina, um composto derivado da ação de ácido sulfúrico e nítrico concentrados sobre algodão. Consiste principalmente de tetranitrato de celulose. Os blocos de tecido podem ser bem maiores que os convencionais de parafina, e até fatias de hemisférios cerebrais inteiros podem ser processadas desta forma. O material é infiltrado muito lentamente em soluções progressivamente mais concentradas deste composto, e os blocos resultantes são cortados em micrótomos de deslizamento (cortes são obtidos horizontalmente, em vez de verticalmente como nos micrótomos comuns de parafina). Os cortes são espessos, da ordem de 30 mm (cortes de parafina comuns, 5 mm), permitindo análise de áreas extensas. Para isso, as lâminas de vidro que recebem os cortes também são maiores que as comuns, que medem 3 x 1 polegada ou 7,5 x 2,5 cm. O processo todo é muito mais lento que com parafina, podendo chegar a várias semanas para obtenção dos cortes. Colorações. As colorações mais empregadas são os métodos de Loyez e Weigert-Pal, baseados em hematoxilina, e que coram a mielina em azul escuro. O corte pode ser contracorado com vermelho neutro, que ressalta os corpos celulares dos neurônios. Mais recentemente emprega-se também o luxol fast blue, que cora a mielina em azul turquesa, e o corte é contracorado pelo método de Nissl (azul de toluidina, tionina) para neurônios. Este método tem a vantagem de ser feito também em cortes de parafina. Para um corte de cerebelo normal de cão corado por este método, clique. Para procedimento técnico do LFB - Nissl, clique. Hoje em dia, devido ao consumo de tempo (semanas) para preparo dos blocos e necessidade de material e pessoal especializados, a inclusão em celoidina caiu em desuso. Os slides mostrados nesta página são reproduções de espécimes antigos (executados há 30 anos ou mais). |
Para casos de neuroimagem, neuropatologia, texto e mais imagens sobre esclerose múltipla: | ||
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